Defensora pública promove campanha voltada para pessoas privadas de liberdade em Sete Lagoas

Por Assessoria de Comunicação em 23 de dezembro de 2021

Entre as dores do encarceramento estão o abandono e a invisibilidade. Não é raro que pessoas encarceradas sejam esquecidas por suas famílias, ficando sem afeto e sem contato algum com o mundo exterior.

Essa situação é percebida por defensoras e defensores públicos com atuação na execução penal, especialmente ao realizarem visitas a presídios, atendimentos jurídicos em penitenciárias e mutirões nesses locais.

Foi durante o mutirão de atendimento jurídico que a Defensoria Pública de Minas Gerais e a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) promoveram no Presídio Promotor José Costa, de Sete Lagoas, que a defensora pública Camila Dantas identificou que no universo de 716 presos da unidade prisional, 117 nunca haviam recebido Sedex e visitas. Alguns deles estão há anos aprisionados, sem nenhuma assistência familiar e invisíveis aos olhos externos.

Sensibilizada com a situação e a dupla penalização sofrida por eles em razão do abandono, a defensora pública resolveu fazer uma campanha para arrecadar donativos para esses encarcerados.

Defensora Camila Dantas entrega kit para um dos detentos beneficiados

A campanha se iniciou com a pretensão de montar 117 kits contendo oito itens de higiene e produtos alimentícios, no valor de R$ 30, porém não faltaram solidariedade e empatia, e o valor arrecadado chegou a quase o dobro do pretendido inicialmente.

 “Foi admirável o gesto espontâneo de solidariedade das pessoas, tendo envolvido membros e membras da Defensoria Pública, familiares, seguidores no Instagram e o, mais surpreendente, pessoas desconhecidas que souberam de campanha por outros apoiadores e que resolveram contribuir materialmente com a causa”, conta a defensora pública Camila Dantas.

Com o sucesso da arrecadação, a quantidade de itens dos kits aumentou para 13 e seu custo unitário passou para R$ 42,50. Também aumentou o número de presos beneficiados, que passou para 150 com a inclusão daqueles que há mais de seis meses não recebem Sedex de familiares.

Por fim, foram presenteados com uma cesta de Natal nove policiais penais que não mediram esforços para a organização, segurança e concretização do mutirão de atendimento no presídio de Sete Lagoas.

Agradecida a todas e todos que participaram, possibilitando o sucesso da campanha, Camila Dantas ressalta a importância de ações que busquem aliviar o sofrimento e trazer conforto social humanitário.

“Aqueles em situação de prisão vivem tempos difíceis e turbulentos, agravados pela pandemia. O abandono piora ainda mais essa situação. E é exatamente nesses momentos que mais precisamos da solidariedade, de mostrar o melhor lado da natureza humana: o lado do amor e da compaixão”, diz a defensora pública.

“Essa ação simples de caridade ultrapassou o preconceito e o individualismo e talvez possa trazer uma sensação de acolhimento e um pouco de conforto e estabilidade emocional a esses acautelados invisíveis e desacreditados pelo outro”, completa Camila Dantas.

Para a diretora de Humanização do Atendimento do presídio, Daniela de Freitas Ubaldo, a ação promovida pela defensora pública Camila Dantas reflete diretamente na preservação da dignidade do indivíduo privado de liberdade.

“Quando pensamos nesta ação após tudo que vivemos durante a pandemia de Covid-19 e considerando ainda o distanciamento que há entre a sociedade e o sistema prisional, ela evidência a sensibilidade social perante a dificuldade do outro. É a demonstração de empatia e a promoção do bem-estar do próximo”, afirma Daniela Ubaldo.

Os detentos beneficiados foram selecionados de forma criteriosa pela assistente social da unidade prisional, que identificou aqueles que não são assistidos por seus familiares há mais de seis meses. A entrega das doações foi feita na terça-feira (22/12).

Defensora pública Camila Dantas e defensor público Daniel Teixeira Dantas acompanhados pela diretora de Humanização Daniela Ubaldo; pelo policial penal Almeida; pelo diretor do presídio de Sete Lagoas, Raimundo Leonardo; e policiais penais

Alessandra Amaral / Jornalista DPMG

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