Defensoria Pública de Minas realiza formatura da sexta turma do Curso de Formação de Agentes de Justiça Restaurativa

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A Defensoria Pública de Minas Gerais (DPMG), por meio da sua Escola Superior (Esdep), realizou na tarde desta quarta-feira (17/12) a formatura da sexta turma do “Curso de Formação de Agentes de Justiça Restaurativa do Programa Nós”. O evento foi realizado na sala de aula da Esdep, em Belo Horizonte. 

A turma teve como público-alvo foram os trabalhadores da política de assistência social de Belo Horizonte. 

Participaram da cerimônia as tutoras do Programa Nós, Joanice Estael Pereira Lima e Aline Ferreira Gomes de Almeida. O curso, que tem se consolidado como um importante espaço de mudança de paradigma no sistema de justiça, foca na transição de uma visão puramente punitiva para uma abordagem baseada no diálogo e na reparação de vínculos.

Formandos da sexta turma do “Curso de Formação de Agentes de Justiça Restaurativa do Programa Nós” — Fotos: Mateus Felipe/DPMG

Transformação e a arte da escuta 

A tutora e servidora pública, Aline Ferreira Gomes de Almeida, destacou o processo de amadurecimento dos alunos. Segundo ela, o maior desafio desta edição foi o tamanho da turma, a maior já registrada pelo programa, o que exigiu adaptações na dinâmica dos círculos de fala para garantir que todos fossem ouvidos. Para Aline, a jornada foi marcada pela transição de uma mentalidade retributiva para uma visão mais humana e acolhedora. 

“Foi uma trajetória de muito crescimento pessoal. No início, como em toda turma, o desafio foi lidar com o aspecto retributivo da justiça tradicional que as pessoas trazem na cabeça”, iniciou sua fala.  

“É muito bonito ver como, durante o curso, os alunos vão ressignificando conceitos, repensando julgamentos e passando a validar sentimentos. Costumamos dizer que é também um curso de ‘escutatória’. Tivemos 43 inscritos, um número superior à nossa média de 35, o que tornou nossos círculos de fala mais longos e intensos, exigindo ajustes na programação. No entanto, são momentos valiosos de conexão onde acolhemos dores e dificuldades. O resultado foi uma mudança real de postura; os alunos relatam que já aplicam esses princípios em suas vidas, trocando o confronto pelo acolhimento e pela escuta. Saem daqui pessoas transformadas, fortalecidas por um vínculo real e humano”, finalizou. 

Superação e engajamento 

A facilitadora de diálogos do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) e também tutora do programa, Joanice Estael Pereira Lima, ressaltou a satisfação técnica com o encerramento de mais um ciclo. Em sua terceira experiência como tutora na Defensoria Pública, ela enfatizou a alta taxa de adesão dos participantes, que se mantiveram presentes e engajados apesar da complexidade de gerir um grupo numeroso. 

Servidora pública Aline Ferreira Gomes e a tutora do programa Joanice Estael 

“Quero agradecer à Defensoria Pública por esta oportunidade. Esta turma foi particularmente desafiadora pela quantidade de inscritos, mas tivemos uma presença maciça: dos 43 inscritos iniciais, 38 compareceram e seguiram firmes até o final. Estabelecemos uma conexão profunda desde o primeiro dia. Apesar de uma apreensão inicial sobre como seriam as práticas com um grupo tão grande, chegamos ao fim com a satisfação de que todos conseguiram participar plenamente e compreender a proposta da Justiça Restaurativa.” 

Impacto nas políticas públicas 

Para os alunos, o curso representa não apenas um aprendizado teórico, mas uma ferramenta de transformação social. A assistente social e analista de políticas públicas da Prefeitura de Belo Horizonte, Silmere dos Santos, relatou como a metodologia do curso se alinha ao seu trabalho direto com a população. Ela destacou o ambiente acolhedor proporcionado pela Esdep e a flexibilidade das facilitadoras: 

“Fiquei entusiasmada com a proposta desde a inscrição. Embora já conhecesse o tema, vi que ainda tinha muito a aprender. As facilitadoras souberam conduzir o grupo com uma flexibilidade de escuta incrível. Para quem trabalha com assistência social, esse curso é fundamental, pois lida diretamente com a reconstrução e a transformação social. Foram 17 dias de aprendizado intenso. Saio daqui diferente de como entrei. Além do conteúdo, o cuidado da Defensoria com cada detalhe, desde a recepção até a certificação, fez com que nos sentíssemos parte do processo o tempo inteiro. Recomendo a todos que tiverem a oportunidade.” 

Assistente social e analista de políticas públicas da Prefeitura de Belo Horizonte, Silmere dos Santos

Mateus Felipe — Jornalista/DPMG