Brincar, Cuidar e Recomeçar: Defensoria Pública e Esdep promovem formatura da Escola de Convivência Familiar no Museu dos Brinquedos

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A Defensoria Pública de Minas Gerais (DPMG), por meio da Escola Superior (Esdep), promoveu no dia 2 de dezembro, a formatura de mais uma edição da Escola de Convivência Familiar. A cerimônia de entrega dos certificados aos 37 formandos aconteceu no Museu dos Brinquedos, espaço que se firmou como parceiro estratégico da iniciativa e símbolo do vínculo construído entre cuidado, afeto e formação cidadã. Destinada a familiares e responsáveis por crianças e adolescentes em situação de acolhimento institucional, a capacitação combinou teoria e prática ao longo de três meses, em 14 encontros direcionados ao fortalecimento das relações familiares e à reintegração dos filhos ao lar.

O ambiente lúdico do Museu dos Brinquedos foi determinante para criar um território de acolhimento durante a formação. Com o acordo de cooperação técnica firmado entre a DPMG e o Instituto Cultural Luiza de Azevedo Meyer, as crianças passaram a contar com atividades educativas preparadas especialmente para elas: brincadeiras, oficinas e experiências interativas que ampliaram o alcance do curso.

A diretora executiva do Museu, Tatiana de Azevedo Camargo, pontuou que a parceria não apenas abre as portas do espaço, mas reafirma o papel do brincar como instrumento qualificado nas relações familiares. “O que recebemos aqui não é só um grupo de famílias. É uma oportunidade de integração, de partilha, de troca entre pais, filhos, cuidadores e crianças”, afirmou. Para ela, o brincar torna-se elo de conexão. “Queremos que seja um vínculo qualificado, permeado pelo carinho, pelo afeto, pelo faz de conta, pela capacidade de imaginar. Hoje trouxemos oficinas, visitação aos brinquedos de diferentes épocas e culturas, um convite para estar junto. Essa é a missão da nossa parceria com a Defensoria, que já completa três anos. Estamos muito felizes em contribuir”.

Tatiana de Azevedo – Fotos: Mateus Felipe/DPMG

Entre as famílias participantes, o impacto da Escola de Convivência se traduz em relatos marcados por transformação e pertencimento. Chaiene Martins descreveu o curso como um respiro necessário diante do cotidiano e das dificuldades emocionais que enfrenta. “É um espaço para liberar a mente e o coração, sair um pouco da rotina. Para quem tem depressão, ele clareia a cabeça da gente. Tira dúvidas, permite desabafar, contar nossa história. As terapias são ótimas, as aulas abordam situações que a gente vive com nossos filhos. Uma ótima oportunidade”.

Chaiene e filhos

Isabela Gomes também ressaltou a mudança vivenciada ao longo da formação. “Quando comecei o curso, eu era ignorante, não sabia quase nada. Fui interagindo nas aulas e aprendendo muito. Gosto demais das professoras, principalmente da Adriana”. Para ela, o encontro realizado no Museu dos Brinquedos foi um marco. “Hoje foi o melhor dia. Minhas filhas vieram, mesmo morando no abrigo. Foi muito legal. Eu aprendi demais e agradeço muito. Quero que outras pessoas que eram como eu também aprendam e possam ajudar outras pessoas”.

Isabela e filha

A cerimônia também reuniu histórias de superação como a de Angelina Miranda, que fez questão de destacar o papel decisivo da Escola de Convivência em sua caminhada para reaver a guarda do filho. Ela relembrou a importância desse apoio institucional em sua trajetória. “Graças à Escola de Convivência, lutei novamente pela guarda do meu filho, Oziel. Ele passou por uma situação de abrigamento, mas hoje está comigo, sob minha responsabilidade. Mãe não desiste de um filho. Independente de irregularidade ou não, há sempre a possibilidade de reaver a guarda dos nossos filhos”.

Angelina e filho

Angelina também destacou a importância prática da formação e o quanto o conteúdo oferecido pela Defensoria Pública abriu portas que ela considerava inalcançáveis, especialmente por ser mãe de uma criança autista. “O curso foi muito importante para mim, trazendo conhecimentos que eu não tinha, especialmente para lidar com questões que antes eram difíceis. A formação abrange temas que seriam impossíveis para mim sem a Defensoria Pública. Isso me trouxe muitas oportunidades. A Defensoria Pública está de parabéns. Meus agradecimentos sinceros”.

Ao comentar o local da cerimônia, Angelina ressaltou a força da memória afetiva e o simbolismo de concluir a formação no Museu dos Brinquedos. “O Museu é um espaço incrível. Fiquei muito satisfeita de receber meu diploma aqui, e por ter participado do mundo da minha infância no presente. Meu filho ficou muito feliz de conhecer meus brinquedos antigos”. A partir dessa vivência, fez um convite a outras famílias. “Eu convido todas as mães a trazerem suas crianças, seus sobrinhos e até os pais, para lembrar como era bom o nosso tempo no passado e como pode ser bom no presente e para o futuro. Muito obrigada”.

Mateus Felipe – Jornalista/DPMG