Cidadania e esperança marcam atendimento a quase mil pessoas em situação de rua no IX Dia Mundial dos Pobres
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Solidariedade, sensibilidade e esperança marcaram o IX Dia Mundial dos Pobres, realizado nesta sexta-feira (14/11) pela Defensoria Pública de Minas Gerais (DPMG), em parceria com a Arquidiocese de Belo Horizonte e o Vicariato Episcopal para a Ação Social, Política e Ambiental. A iniciativa, promovida no Santuário São José, no Centro da capital, atendeu quase mil pessoas em situação de rua.
Pelo nono ano consecutivo, a Defensoria mineira organizou o evento, reforçando não apenas sua missão constitucional, com atendimentos e orientações jurídicas, mas também seu compromisso como agente de transformação social.

Em uma ampla rede humanitária que reuniu instituições públicas e privadas, entidades religiosas, estudantes e voluntários, foram oferecidos serviços gratuitos a um público que frequentemente encontra barreiras para acessar direitos básicos, seja pela falta de documentação, pela dificuldade de deslocamento ou mesmo por não conseguir explicar suas demandas.
“É uma população muito específica. Buscamos oferecer um atendimento especializado e multidisciplinar, capaz de enxergar carências que vão muito além da vulnerabilidade econômica. É preciso acolher e reconstruir direitos que foram se perdendo ao longo do caminho”, afirmou a defensora pública-auxiliar da Defensoria Pública de Minas, Raquel Fernanda Tenório Seco.
A Defensoria Pública de Minas prestou atendimentos jurídicos em várias áreas do Direito. Defensoras e defensores públicos de São Paulo participaram da ação, e a Defensoria Pública da União atuou especialmente em orientações previdenciárias.

No pátio externo da Igreja São José, diversos estandes ofereceram acesso a informações sobre vagas de emprego, emissão de certidões, coleta biométrica, treinamento na urna eletrônica, expedição de documentos eleitorais, consultas processuais, atendimentos do INSS, acolhimento psicossocial e serviços de saúde, odontologia e oftalmologia.
Os animais de estimação receberam cuidados, como vacinação antirrábica e controle de parasitas.

Entre os atendidos, Fabiano Roberto relatou como o evento e o apoio da Defensoria têm contribuído para reconstruir sua trajetória. Após passar um período preso, as dificuldades o levaram ao uso de álcool e drogas, até que foi resgatado por uma pessoa que o acolheu. Em situação de rua, ele tirou recentemente sua certidão de nascimento com apoio da Defensoria Especializada em Direitos Humanos (DPDH) e aguarda a nova carteira de identidade. “Com os documentos, vou poder me restaurar, procurar um trabalho e sair da rua”, disse animado.

Serviços de cuidado pessoal, como corte de cabelo, manicure, pedicure e banho, também ajudaram a elevar a autoestima dos participantes. Houve ainda distribuição de café da manhã, almoço, kits de higiene e roupas.






Pronunciamentos

Representando a defensora-geral Raquel Gomes de Sousa da Costa Dias, a chefe de Gabinete, Caroline Loureiro Goulart Teixeira, destacou a importância da mobilização e o papel social da Defensoria.
“Este dia, instituído pelo Papa Francisco, é uma oportunidade para olharmos com mais sensibilidade para as pessoas que mais precisam. O Dia Mundial dos Pobres nos lembra que pobreza não é apenas ausência material, mas também falta de oportunidade, invisibilidade e exclusão social. Hoje, reafirmamos nossa missão de garantir o acesso à Justiça, a dignidade humana e o direito à cidadania.”

O defensor público federal Diego de Oliveira Silva ressaltou o papel constitucional da Defensoria como instrumento do regime democrático e lembrou que “a democracia só acontece de fato quando as pessoas invisibilizadas são ouvidas e conseguem acessar seus direitos”.

Antes do momento de oração, o padre Roberto Rubens da Silva, vigário episcopal do Setor Social da Arquidiocese, enfatizou que servir, transformar o coração e ajudar quem sofre é uma missão de toda a sociedade, não apenas da Igreja.

Ao longo desses nove anos, desde sua primeira edição, a celebração do Dia Mundial dos Pobres em Belo Horizonte tem ganhado força, com o aprimoramento do atendimento e, principalmente, com o aumento do número de parceiros, essencial para a oferta de serviços variados. Como resultado, a ação contribui cada vez mais para o exercício da cidadania, o resgate da dignidade e para reduzir a invisibilidade que, em grande parte do tempo, acompanha a população em situação de rua.

Parcerias
Foram parceiros da iniciativa: Copasa, Servas, Governo de Minas, Rua com Dignidade – Promoção e Proteção de Direitos Humanos, Defensoria Pública da União, Secretaria Municipal de Saúde, INSS, Associação Banho de Amor, Prefeitura de Belo Horizonte / Sine, Sindicato dos Oficiais de Registro Civil das Pessoas Naturais do Estado de Minas Gerais (Recivil), Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais, Projeto Bom na Bola Bom na Vida, Projeto Movimentos de Amor, Consultório na Rua/SUS BH, PUC Minas, Secretaria de Estado de Governo, Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE/MG), Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), Toca de Assis Irmãs, Caritas Minas Gerais, Colégio Loyola, Diretoria de Unidade de Alimentação Popular / Secretaria Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional / Prefeitura de Belo Horizonte, Pastoral de Rua Arquidiocese de BH, Gerência da Diretoria de Gestão do Fundo de Assistência Social (GDIAF/SUAS), Diretoria de Zoonoses/ Secretaria Municipal de Saúde, Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF6), Instituto das Pobres de Jesus Cristo (Fraternidade O Caminho), Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, Centro POP Lagoinha, Colégio Santo Agostinho, Pastoral Nacional do Povo da Rua, ANCAT e INSEA – Projeto Conexão Cidadã, Subsecretaria de Trabalho, Emprego e Renda- Sine Barreiro.
Confira a seguir algumas imagens do evento.








Alessandra Amaral – Jornalista / DPMG.