Com programação variada e muitas histórias, evento “Pessoas Idosas com Voz e Vez” marca o Junho Violeta na Defensoria Pública de Minas  

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Formalização de parceria, lançamento de cartilha, apresentação artística, roda de conversa e visita guiada marcaram o evento “Pessoas Idosas com Voz e Vez”, promovido pela Defensoria Pública mineira nesta quinta-feira (26/6), em alusão ao Dia Mundial da Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa, celebrado em 15 de junho.  

Participantes presenciais do encontro, que também foi transmitido ao vivo pelo YouTube – Fotos: Marcelo Sant’Anna/DPMG 

A assinatura do Acordo de Cooperação Técnica (ACT) entre a Defensoria Pública e o Centro Universitário Estácio de Sá abriu o evento. Formalizada por meio da Coordenadoria de Projetos, Convênios e Parcerias e executada por meio da Defensoria Especializada da Pessoa Idosa e da Pessoa com Deficiência, a parceria tem como objetivo o desenvolvimento de ações que visam a promoção e garantia dos direitos e bem-estar da pessoa idosa.   

O ACT possibilitará o fluxo de integração serviços oferecidos pela DPMG com o “Projeto Maturidade”, do Centro Universitário Estácio de Sá, iniciativa de extensão acadêmica, social e cultural voltada para pessoas com idade superior a 50 anos.  

O ACT foi assinado pela defensora-geral Raquel da Costa Dias e pelo reitor do Centro Universitário, Flávio Pires 

Dentre as ações, estão a participação dos estudantes do Projeto Maturidade como voluntários em atendimentos diários, além de mutirões e demais eventos da Defensoria Pública, supervisionados por defensoras e defensores públicos e pelo Setor Psicossocial da DPMG.   

O ACT também estabelece um fluxo de encaminhamento de pessoas com deficiência e/ou pessoas idosas para que possam ter acesso ao atendimento oferecido pela Clínica de Psicologia da Faculdade Estácio de Sá e, nos casos que envolvam a esfera jurídica, pela DPMG.    

Prevê ainda a realização de atividades educacionais, como palestras e capacitações, para a conscientização em direitos das pessoas idosas. 

Pronunciamentos 

“Por muito tempo, eu fui o que eu pude, agora eu sou o que eu quero”. Com esta frase, a defensora pública-geral de Minas Gerais, Raquel Gomes de Sousa da Costa Dias, abriu o evento, destacando a importância e o direito das pessoas idosas de realizarem seus projetos pessoais.  

Raquel da Costa Dias observou que existem projetos da Defensoria Pública em que a contribuição e participação delas será valiosa. “Como cita a Constituição Federal, a Defensoria existe para defender os direitos das pessoas menos favorecidas, das pessoas necessitadas, e vocês, com sua experiência e maturidade, têm muito a contribuir com a nossa missão”, salientou a DPG. 

Defensora-geral Raquel da Costa Dias 

O reitor do Centro Universitário Estácio de Sá, Flávio Pires da Silva, manifestou sua satisfação pela formalização do ACT, destacando a importância da parceria para a proteção das minorias e para a responsabilidade social da Estácio de Sá.  

“Estamos há 25 anos em Minas Gerais e, para além da graduação, da pesquisa e da extensão, temos esse compromisso com a sociedade e essa responsabilidade com a população”, afirmou o reitor. 

Reitor Flávio Pires da Silva 

Cartilha 

Em seguida, a coordenadora da Defensoria Especializada da Pessoa Idosa e da Pessoa com Deficiência, Fernanda Cristiane Fernandes Heringer, fez a apresentação da cartilha “A idade não é um problema, o idadismo sim!”.  

Coordenadora da Especializada, defensora pública Fernanda Cristiane Fernandes 

A publicação traz informações importantes sobre os tipos de preconceitos e violências praticados contra a pessoa idosa, seus direitos e também os deveres, assegurados pelo Estatuto da Pessoa Idosa e que garantem e respeitam a legitimidade, a cidadania e os direitos fundamentais da população 60+. 

Como explicou a defensora pública Fernanda Fernandes, a ideia da elaboração da cartilha surgiu da percepção, no atendimento rotineiro da Defensoria Especializada da Pessoa Idosa e da Pessoa com Deficiência, que muitas vezes pessoas idosas estão em uma situação de violência, mas não conseguem perceber. 

A cartilha contém ainda também conceitos sobre envelhecimento e idadismo e exemplos de situações envolvendo direitos e de tipos de crimes cometidos contra essa população; além de apontar medidas de proteção que podem ser tomadas. 

Na sequência, Fernanda Fernandes conduziu uma roda de conversa sobre o tema, com a participação da médica geriatra e consultora da Organização Mundial da Saúde (OMS), Karla Giacomin, e do defensor público aposentado Varlen Vidal, secretário-geral da ADEP-MG, que na ocasião também representou o diretor presidente da Associação. 

Karla Giacomin pontuou a dificuldade existente em se pautar o envelhecimento em espaços públicos e informou que a OMS definiu os anos de 2020 a 2030 como a década do envelhecimento saudável. A geriatra ressaltou que o preconceito é traduzido de muitas formas e, para enfrentar o idadismo, é necessário modificar a forma com que vemos, sentimos e vivemos o envelhecimento. 

Aposentado há cinco anos,  Varlen Vidal observou a importância de se olhar para esta fase a vida com alegria e merecimento, e destacou a importância da união e engajamento das pessoas idosas no combate ao preconceito. 

Fernanda Fernandes, Karla Giacomin e Varlen Vidal 

A inversão da pirâmide etária no Brasil foi lembrada pela defensora Fernanda Fernandes, que vê com esperança a semente de uma mudança na forma de se encarar o envelhecimento, atualmente visto também como o momento de se retomar projetos e experimentar novas vivências.  

“Temos percebido um movimento nesse sentido e o fato de estarmos aqui hoje reflete essa mudança. Eu gostaria muito que todas as pessoas idosas, através das políticas públicas e de uma mudança cultural, tenham a possibilidade de vivenciar o envelhecimento como um ganho, uma oportunidade de fazer aquilo que você não fez, às vezes, por impossibilidade durante a vida”, afirmou. 

Composta em sua maioria de participantes do Projeto Maturidade, a plateia participou ativamente da conversa, com relatos de histórias e troca mútua de experiências 

Uma apresentação artística de universitários do Projeto Maturidade finalizou o encontro. 

Alessandra Amaral – Jornalista DPMG.