Defensoria Pública de Minas promove “Diversidade em Pauta” nas escolas municipais de Mariana
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Com o objetivo de promover a educação em direitos em instituições da rede pública municipal, especialmente relacionada ao tema da diversidade, a Defensoria Pública de Minas Gerais (DPMG) realizará o projeto “Diversidade em Pauta” nas escolas municipais de Mariana, na região do Vale do Rio Doce.
A Defensoria Pública, por meio de sua Unidade em Mariana, vem recebendo informações de situações de racismo e bullying nas escolas do município. Neste contexto, o projeto “Diversidade em Pauta” é uma iniciativa que visa atuar no combate ao problema por meio da conscientização e educação em direitos junto à comunidade escolar.
A proposta é que a DPMG realize nas escolas palestras, oficinas e rodas de conversa que discutam temas relacionados à diversidade, seja de gênero, origem social, racial, étnica e de pessoas com deficiência, em uma linguagem acessível e educativa para crianças e adolescentes.
A próxima ação está prevista para a sexta-feira (28/11), às 10 horas, no Centro de Educação Municipal Padre Avelar (CEMPA).
A primeira atividade do projeto ocorreu no dia 7 de novembro, na Escola Municipal Cônego Paulo Dilascio.
Problemas enraizados na sociedade brasileira
O racismo é uma questão que afeta a sociedade de forma estrutural, que ainda sofre com os impactos deixados pelo processo da escravidão no país. Quando se olha para o contexto atual, o problema demonstra estar ainda muito presente, já que cerca de 85% da população negra já relatou ter sofrido algum tipo de discriminação racial, segundo o Ministério da Igualdade Racial (MIR).
Este tipo de preconceito já é sentido desde os primeiros estágios da vida. 16% das crianças de até seis anos de idade, uma a cada seis crianças, são vítimas de casos de racismo, de acordo com uma pesquisa do DataFolha publicada neste ano. O levantamento também revela que o ambiente escolar é o principal local onde acontecem os casos.
Nas escolas, o que se observa é que ainda faltam medidas para combater o preconceito e oferecer acolhimento às crianças vítimas. O próprio Ministério da Educação (MEC), em levantamento inédito, revela que somente 36,2% das secretarias municipais possuem algum tipo de protocolo em casos de racismo ou injúria racial, bem como 41,4% das escolas não consideram os efeitos do racismo no processo de aprendizagem e socialização dos alunos.
Em relação ao bullying, o cenário nas escolas também é preocupante. Segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, entre 2024 e o primeiro semestre de 2025, foram registrados 2.543 casos de bullying dentro das escolas, principalmente entre crianças de 10 a 13 anos.
Isso acaba gerando inúmeros impactos não só na vida pessoal de crianças e adolescentes, mas no próprio desenvolvimento educacional. Dentre elas, uma das reações mais preocupantes ao bullying são os casos de evasão escolar, que acontecem em 11,4% das ocasiões, principalmente no ensino fundamental, conforme registrado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O racismo e o bullying são problemas que se mostram cada vez mais recorrentes na sociedade brasileira, sobretudo nas escolas. Apesar de relacionadas, as duas questões se mostram como fenômenos diferentes um do outro. O racismo é a discriminação e preconceito baseado na superioridade racial, já o bullying acontece a partir de atos de violência recorrentes por inúmeros motivos, como classe social, gênero, aparência, sexualidade e também motivações étnico-raciais.

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