Seminário promove reflexão e debate nos 10 anos do Fórum Permanente do Sistema de Atendimento Socioeducativo de BH 

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Os 10 anos do Fórum Permanente do Sistema de Atendimento Socioeducativo de Belo Horizonte foi celebrado em um seminário realizado nesta terça-feira (10/12). Com programação variada ao longo de todo o dia, o evento reuniu profissionais que atuam no Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente, especialmente em contextos de atendimento socioeducativo; representantes de instituições governamentais e não governamentais e da sociedade civil.  

No último ano, sob a coordenação-geral da defensora pública Ana Paula Coutinho Canela e Souza, coordenadora da Defensoria Especializada dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes – Ato Infracional, o Fórum assumiu o compromisso ético de reflexão e combate ao racismo estrutural e institucional que ainda são fatores de subalternização de crianças e adolescentes vulnerabilizados sob aspectos de classe, gênero e raça, na cidade de Belo Horizonte e em todo o Brasil. 

Neste ano de 2024, o Fórum adotou o tema “Pensando Práticas Antirracistas no contexto Socioeducativo” como pauta transversal de trabalho, além de criar a comissão temática específica “Práticas Antirracistas”.  

Abertura 

Mesa de abertura do seminário – Fotos: Marcelo Sant’Anna/DPMG 

Em suas palavras na abertura do seminário, a defensora pública Ana Paula Coutinho Canela salientou que o Fórum representa uma instância interinstitucional que busca promover discussões potentes para a melhoria das diversas políticas socioeducativas previstas no ordenamento jurídico. 

“Estou certa de que é um trabalho intersetorial, transversal e de diálogo constante e que só é possível ser realizado com a união de esforços de todas e todos aqui presentes”, afirmou a defensora. 

Defensora pública Ana Paula Coutinho Canela

A superintendente da Coordenadoria da Infância e da Juventude (Coinj), do TJMG, desembargadora Alice de Souza Birchal, observou a presença constante da palavra “oportunidade” nas cartinhas de crianças e adolescentes expostas na entrada do evento, pontuou que “as oportunidades não são iguais nem entre os iguais” e salientou a prioridade que deve ser dada ao sistema socioeducativo. 

Desembargadora Alice de Souza Birchal

A subsecretária de Atendimento Socioeducativo, Giselle da Silva Cyrillo, ressaltou que o público do socioeducativo tem a peculiaridade de estar em uma etapa do desenvolvimento e, também, uma marca de homogeneidade, que é a vulnerabilidade. Ela lembrou que as transformações dos últimos anos, inclusive decorrentes da pandemia de Covid, também alcançam a adolescência e a juventude, contribuindo para o aprofundamento da vulnerabilidade. 

Giselle finalizou afirmando que “as construções advindas do Fórum, as reflexões e proposições, são fundamentais para que os programas de execução possam compreender e manejar de maneira qualificada todas essas transformações.” 

Subsecretária de Atendimento Socioeducativo, Giselle da Silva Cyrillo

Representando a subsecretária de Assistência Social, Daniele Carmona, Vinicio Martins pontuou que os profissionais da política socioeducativa de meio aberto tiveram presença maciça nas comissões do Fórum neste último ano. “Isso demarca o amadurecimento do Fórum e a importância de que esses adolescentes tenham garantido, entre outros direitos, o direito à liberdade. O direito à liberdade e a uma liberdade digna e protegida”, enfatizou. 

Vinicio Martins

Maria Teresa Fonseca falou em nome do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e destacou a participação do órgão na construção do Fórum, “que precisa ser dinâmico, como as realidades são”. Observou que comissões recém-criadas no Fórum, como ‘Práticas Antirracistas’ e ‘Política de Drogas’, foram instaladas em resposta às demandas das diversas realidades dos adolescentes. 

Maria Teresa Fonseca 

Maria Fonseca também noticiou sobre o recente lançamento do Diagnóstico da Situação da Criança e do Adolescente de Belo Horizonte, fruto de parceria entre a Prefeitura e a UFMG; e sobre a deliberação do Plano Municipal Decenal do Atendimento Socioeducativo. 

O promotor de Justiça Lucas Rolla forneceu um panorama histórico do Fórum Permanente do Sistema de Atendimento Socioeducativo de Belo Horizonte. 

Conferência e debates  

A conferência de abertura ficou a cargo do pesquisador da Fundação João Pinheiro, vinculado ao Núcleo de Estudos em Segurança Pública, professor Luís Felipe Zilli.  

Afirmando que o debate sobre a relação de racialidade e segurança pública é incontornável, o professor fez uma exposição direcionada às comissões de Prevenção à Letalidade de Adolescentes, Prevenção à Violência Institucional, Práticas Antirracistas e Políticas sobre Drogas.  

O seminário foi realizado no auditório da Faculdade de Direito da UFMG

Na sequência e ao longo do dia, as comissões integrantes do Fórum realizaram debates temáticos. O seminário também contou com intervenções artísticas e exibição de curta metragem, com a participação de adolescentes comentando o filme. 

A defensora pública Ana Paula Coutinho Canela, que neste ano encerra sua participação como como coordenadora-geral do Fórum, considera que o seminário foi bastante produtivo, tendo reunido uma extensa rede, com profissionais de vários setores. 

“Conseguimos reunir vários setores e técnicos que atuam dentro das unidades socioeducativas e técnicos de acompanhamento das medidas em meio aberto, que se aproximaram bastante do Fórum neste ano. E essa notícia é muito boa porque socioeducação é feita com o adolescente em liberdade. Acreditamos muito no potencial deles em liberdade”, afirmou Ana Paula. 

“O trabalho no socioeducativo é complexo, é preciso entender a realidade social dos adolescentes e suas famílias para o de desenvolvimento de políticas públicas que garantam a inserção social desses adolescentes para enfrentarmos essa gama enorme de fatores de subalternização aos quais eles estão submetidos”, finaliza a defensora pública. 

A coordenação do do Fórum Permanente do Sistema de Atendimento Socioeducativo de Belo Horizonte passa a ficar a cargo da PBH, com Vivane Martins Cunha como coordenadora-geral. A coordenação adjunta será de Vinício Araújo e o secretariado será de Natalia Ferri. 

Defensora pública Ana Paula Canela acompanhada pelos novos coordenadores do Fórum

Alessandra Amaral – Jornalista DPMG.