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Uma feira de artesanato e alimentos encerrou a programação do curso Defensoras Populares, que formou 300 alunas, incluindo participantes presenciais e virtuais. A exposição aconteceu nesta quarta-feira (12/6), na Unidade 1 da Defensoria Pública de Minas Gerais (DPMG) em Belo Horizonte. Foram comercializados artesanato e gêneros alimentícios feitos pelas próprias alunas.
Esta é a segunda turma do curso Defensoras Populares, realizado pela DPMG por meio de sua Escola Superior e da Coordenadoria Estadual de Promoção e Defesa dos Direitos das Mulheres (Cedem). A solenidade de formatura está prevista para o dia 22 de junho, a partir das 8h30, no auditório Maximum Alberto Deodato, na Faculdade de Direito da UFMG (Av. João Pinheiro, 100 – Centro, Belo Horizonte – MG, 30130-180).
Reciclagem e Criatividade
Andreia Souza, uma das expositoras, comentou sobre a experiência. “Eu faço artesanato junto com a Magda, que é uma das alunas. Juntas fazemos artesanato de MDF, madeiras, coisas rústicas. Eu adoro fazer artesanato com botãozinho e aqui a gente tem as bandejas, abajur de garrafa, então eu uso bastante material reciclável”, disse.
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Ela expressou gratidão pela oportunidade. “Sim, a gente agradece muito. Eu gostaria de participar mais vezes. Adorei o espaço, as pessoas, os visitantes”, finalizou a aluna.
Lugar de transformação e valorização
Visitante da feira, Maria Alice Lima de Sousa Castro também compartilhou sua impressão e compartilhou o sentimento de transformação ao participar da feira promovida pela DPMG. “Fui convidada para vir à exposição e estou encantada. Porque é como se pegasse algo que ninguém dá valor, que é quase jogado fora. Então isso é uma transformação. Transforma em coisas alegres. Uma pedra que você vê e chuta ou não dá valor nenhum, de repente ela se transforma, ilumina o ambiente.”
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Batom do Empoderamento
Luciana Moraes Pereira Schettini, maquiadora, palestrante, juíza de paz e agora defensora popular, falou emocionada sobre sua trajetória na 2° turma do Defensoras Populares. “Sou muito feliz pela oportunidade de me tornar defensora popular. Um curso espetacular, fantástico, onde me encontrei muito. Sou maquiadora de noivas desde os 14 anos e vi ao longo dos anos a necessidade do saber mais, do aprender mais, porque através de saberes que a gente consegue adquirir ferramentas para ajudar outras mulheres, meninas e meninos.”
Em breve relato sobre sua vida, Luciana compartilhou momentos em que precisou superar desafios e se vê pronta para auxiliar outras mulheres a trilharem o mesmo caminho de superação. “Venho para esse curso com uma bagagem muito longa e muito sofrida. Eu sofri abuso sexual infantil dentro da minha própria casa, com meu próprio provedor. E chegando aqui nesse curso eu percebo que posso ajudar outras mulheres que passaram pelo mesmo processo que eu passei. Então esse curso é fantástico, maravilhoso em todos os sentidos”, disse a empresária e formanda do curso.
Luciana destaca a importância de a mulher buscar o seu lugar de fala. “Estar aqui hoje nessa feira é ainda melhor. Hoje tenho a minha própria marca de batom, onde eu chamo de ‘Batom do Empoderamento’, da liberdade, da mulher que pode tudo e busca o seu lugar de fala. Esses batons significam exatamente isso: o empoderamento feminino. Eu não vendo batom, eu vendo empoderamento porque eu quero que essa mulher se olhe no espelho, se enxergue e saiba que pode ir muito mais além. O céu é o nosso limite”, finalizou.
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Em sua fala, a coordenadora da Escola Superior da Defensoria Pública, defensora pública Silvana Lourenço Lobo, destacou a importância da feira e do curso. “É importante ver o agradecimento que elas têm. A realização da feirinha é o ‘Gran Finale’ desse curso. E a gente vê que todas elas são pessoas atuantes, que trabalham, que estão na sociedade. O curso é muito importante para que elas tenham esse sentimento de poder”, destaca.
Silvana Lobo ainda ressaltou o impacto positivo na vida das alunas. “Elas têm toda a capacidade de construção e agora estão munidas de conhecimento para construírem realidades diferentes ao seu entorno. Todas trabalhadoras, todas atuantes. Embelezamento e alimentação são características muito do que a mulher faz e que às vezes as pessoas menosprezam, mas que todos nós achamos importantes”, finalizou.
O curso
Mulheres lideranças comunitárias foram o público-alvo do curso, que aconteceu no Auditório da DPMG (Rua dos Guajajaras 1.707/2º andar – Barro Preto, em Belo Horizonte), com transmissão simultânea pelo YouTube (c/defensoriamineira).
A capacitação foi dividida em dois grupos: Turma Lilás, com aulas aos sábados de manhã; e Turma Verde, com aulas às terças-feiras à noite.
A abertura do curso ocorreu no dia 6 de abril e ambas as turmas já concluíram a grade curricular. Haverá emissão de certificado para as participantes que cumprirem 75% da carga horária.
A diretora da Escola Superior da DPMG, defensora pública Silvana Lobo, destacou a importância do curso para a transformação pessoal e da coletividade. “A Defensoria Pública não consegue estar em todos os lugares. As alunas serão nossas antenas, que irão captar o conhecimento e levá-lo a todos os municípios do estado”, afirmou.
A defensora pública salientou que as mulheres têm os mesmos direitos que os homens e alguns a mais. “O preconceito é tão grande que precisamos ter alguns direitos a mais que nos protejam e possibilitem essa igualdade”.
O II “Defensoras Populares” possibilitou que as mulheres alunas contribuíssem para mudanças sociais a partir dos núcleos nos quais estão inseridas, tornando-se disseminadoras e multiplicadoras do conhecimento em relação aos direitos das mulheres, na luta contra o machismo, o preconceito e a violência.
Esta foi a 2ª edição do curso, promovido pela Defensoria Pública mineira, por meio da sua Escola Superior (Esdep) e de sua Coordenadoria Estadual de Promoção e Defesa dos Direitos das Mulheres (CEDEM).
Modelo de educação popular
A capacitação trouxe conteúdos como: estruturas de gênero, raça e classe; violências de gênero e Lei Maria da Penha; violência institucional de gênero e redes de atendimento; saúde, viver bem e autonomia reprodutiva; direito à moradia adequada, com perspectiva de gênero; mulheres no mundo do trabalho; seguridade social e direito previdenciário para mulheres; além de participação política e representatividade.
A defensora pública Samantha Vilarinho Mello Alves, coordenadora da Coordenadoria Estadual de Promoção e Defesa dos Direitos das Mulheres, explicou que os temas das aulas foram definidos por grupos de mulheres lideranças comunitárias, visitados pela equipe da CEDEM desde o mês de janeiro. “Por tratar-se de um modelo de educação popular que segue os preceitos de Paulo Freire, cada módulo do curso foi e continua sendo construído pelas próprias alunas. Em todas as aulas houve a explanação de uma defensora popular formada pela primeira edição do curso, realizada no ano de 2017, pois as educandas são educadoras e o conhecimento que liberta é obtido por uma via de horizontalidade”, afirmou a coordenadora.
Mateus Felipe – Jornalista/DPMG.