Nesta sexta-feira (26/8), a Defensoria Pública de Minas Gerais, por meio da Escola Superior (Esdep-MG), realizou o último encontro do quinto módulo “Curso de Formação Continuada em Gênero e Raça/Etnia: Uma Perspectiva Interseccional da Defensoria Pública”. O encontro abordou acolhimento e atendimento antidiscriminatório às meninas e mulheres que chegam à Defensoria Pública.
A turma deste módulo – com o nome de Nilcéa Freire – foi realizada com o objetivo de homenagear a ex ministra-chefe da Secretaria de Políticas para as Mulheres e uma das primeiras mulheres a ocupar o cargo de reitora em uma Universidade Pública.
Participaram como facilitadoras do curso a defensora pública aposentada do Rio de Janeiro, Arlanza Maria Rodrigues Rebello, que atualmente participa da Articulação Fórum Justiça e da Coletiva de Mulheres Defensoras Públicas do Brasil; e a psicóloga Cláudia Natividade, professora universitária, pesquisadora na área da violência contra as mulheres e especialista em psicologia social.
A mediadora foi a defensora pública em atuação na unidade de Viçosa, Ana Flávia Soares, que falou sobre a importância da realização do curso para a Defensoria Pública, principalmente no acolhimento de mulheres e meninas por meio da Instituição. Ela é também co-coordenadora do Programa Casa das Mulheres, que atende mulheres em situação de violência doméstica.
Durante sua apresentação, a psicóloga Cláudia Natividade falou sobre o desafio do atendimento antidiscriminatório, bem como da quebra e questionamentos dos sistemas estruturais da sociedade, como das relações raciais, de classe, territoriais, entre outros.
Para ela, é necessário, na atuação e acolhimento por parte da Defensoria Pública, refletir sobre todas as dimensões do atendimento de meninas e mulheres. Dentre elas, a dimensão epistemológica, dimensão técnica – como o fornecimento de orientações, informações e dados – e também dimensão relacional –, com a escuta ativa, sem preconceitos e julgamentos.
Arlanza Rebello abordou seu trabalho como defensora pública no atendimento a meninas e mulheres em situação de vulnerabilidade. Ela reforçou sobre a aproximação e empatia, enquanto mulher, no acolhimento. “Descobri que somos nós mulheres que sofremos violências. No momento em que percebi que faço parte desse ‘nós’ houve uma aproximação natural com aquelas que me procuravam enquanto defensora pública”.
Ela refletiu sobre as demandas da Defensoria nos direitos das mulheres, sobre a atuação antidiscriminatória, bem como a importância do olhar e da atuação humanitária. “Defender e acolher uma mulher não é acusar o outro. Quando penso só em acusar o outro estou pensando só nele. E a mulher?”, disse a ex-defensora pública, destacando a importância de leis, como a Lei Maria da Penha, para ampliar o olhar às necessidades de meninas e mulheres.
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