Convite partiu da administradora do estádio, em reposta à ofício expedido pela Instituição recomendando a adoção de medidas de prevenção à violência contra mulheres e racismo
Em mais uma atuação extrajudicial voltada para o enfrentamento da violência de gênero contra as mulheres e ao racismo, a Defensoria Pública de Minas Gerais (DPMG) realizou uma visita ao estádio Mineirão, em Belo Horizonte, para conhecer seu funcionamento durante a realização de jogos. A visita aconteceu durante a partida entre Atlético e Athletico-PR, pela final da Copa do Brasil.
Em novembro, a Defensoria Pública, por meio de sua Câmara de Estudos de Igualdade Étnico-Racial, de Gênero e de Diversidade Sexual e da Coordenação Estadual de Promoção e Defesa dos Direitos das Mulheres, emitiu recomendação à administradora do estádio, Minas Arena, solicitando informações sobre as medidas implementadas para coibir a prática de racismo e violência de gênero.
A recomendação foi expedida após reunião com três torcedoras vítimas de violência de gênero e práticas racistas, ocorridas nas últimas partidas realizadas no estádio.
Atendendo a convite feito pela Minas Arena em resposta à recomendação, no dia 12 de dezembro o defensor público Paulo César Azevedo de Almeida, que assina o documento junto com a defensora pública Samantha Vilarinho, compareceu ao estádio para verificar in loco os serviços e estruturas do Mineirão.
Durante a visita, o defensor público verificou o teor e a forma de divulgação da campanha de advertência veiculada no estádio sobre os crimes em questão.
Também foram analisados pelo defensor o sistema de comunicação virtual de crimes disponibilizado pela empresa para receber as denúncias das vítimas e a estrutura dos bares e filas, que são locais mais sensíveis a essas violências, em razão de aglomerações.
Por fim, Paulo César Azevedo checou pontos como a presença de policiais e seguranças do sexo feminino, zelando para que o estádio conte com profissionais mulheres em número suficiente para o acolhimento da ofendida, de maneira mais célere e humanizada possível. Observou também as iniciativas de capacitação e conscientização das equipes de trabalhadores escaladas sobre as questões de gênero e raça.
As informações coletadas servirão de base para as próximas reuniões e acordos com a Minas Arena para o enfrentamento futuro de eventuais problemas.
Segundo o defensor público Paulo César Azeveo, a questão está sendo tratada na via extrajudicial, porque essa é a prioridade da Defensoria Pública. “A oitiva das vítimas foi o primeiro passo para que a Defensoria pudesse conhecer a realidade do Mineirão e diagnosticar as principais queixas e sugestões das torcedoras que frequentam o estádio”, disse.
“Mas a visita ao local em dia de jogo permitiu uma aproximação ainda maior da realidade. O convite feito pela Minas Arena à Defensoria Pública revela a abertura da empresa ao diálogo e a intenção de criarmos, consensualmente, soluções que melhorem as estruturas e combatam a violência racial e de gênero no mundo do futebol”, completou o defensor público.
Alessandra Amaral / Jornalista DPMG