Ansiosos, mas com sorrisos que não cabiam em seus lábios. Esta é a definição para a emoção vivenciada pelos 35 casais que participaram da cerimônia do Casamento Igualitário 2022, promovido pela Defensoria Pública de Minas Gerais em Belo Horizonte.
A ação permite a legalização da situação civil e a realização do sonho do grande dia: a cerimônia nupcial. Confira abaixo histórias de alguns dos casais que protagonizaram essa festa da diversidade.

Cássia e Cláudio: ‘deixar o amor entrar’
Juntos há cinco anos, a jornada deste casal teve um marco importante na vida de Cláudio Cristian, que há três anos passou pelo processo de transição de gênero. Ele conta que Cássia Cristina foi a grande companheira que o ajudou em todo o processo.
O casal forma uma família linda. Antes do relacionamento com Cláudio, Cássia já era mãe de quatro filhos, e agora eles têm o quinto, um garotinho de três anos, que adotaram e cuidam com todo amor e carinho.
Cássia conta que ao lado de Cláudio tem incentivado amigos a se assumirem, se aceitarem, inclusive incentivou duas amigas a participarem do mutirão de alteração de prenome e gênero.
Mesmo sem o apoio da família, o casal seguiu superando barreiras e preconceitos, e nesta segunda-feira pode celebrar o amor que os move.
Cássia afirma que em seu lar e em sua vida, o que impera é o amor. Que não podemos ter vergonha de quem somos e de viver o amor que nutrimos por alguém. “Deixar o amor entrar, não ter medo, mergulhar de cabeça”, afirmou emocionada.

Douglas e Jean: amor supera dificuldades
O casal se conheceu por meio de um aplicativo de relacionamento e está junto há pouco mais de um ano.
Douglas Tarik e Jean Maxwell estavam em uma situação em que não poderiam contrair despesas. Ambos desempregados, mas desejavam selar a união, embora sem possibilidade financeira.
Uma amiga do casal ficou sabendo do casamento igualitário realizado pela Defensoria Pública de Minas e os informou. Resolveram então se inscrever, na expectativa de realizar o sonho.
Feliz com a forma com que tudo deu certo, o casal firmou o laço de amor, participando da cerimônia. A felicidade era evidente no sorriso estampado no rosto de ambos.

Rosângela e Juracymara: ‘direitos têm que ser iguais’
Juntas há 24 anos, o casal ressalta a importância da luta por respeito em meio ao preconceito enraizado na sociedade. Rosângela Alves e Juracymara Novaes relatam que sofreram tratamento diferenciado quando buscaram a possibilidade de se casar pela primeira vez por conta própria e que, enfim, o matrimônio pode se concretizar através da atuação da DPMG.
Por se preocuparem uma com a outra em meio à pandemia, elas viram a necessidade de formalizar a união por questões de segurança e de direitos.
Ambas afirmam que enfrentaram muito preconceito e problemas, já que a relação duradoura passou por um período em que o preconceito social era ainda maior. “Eu acho que os direitos têm que ser iguais”, afirma Rosângela.
Elas relatam que sempre viveram uma vida pautada no respeito e na educação e, portanto, recebem o retorno daqueles com quem convivem. Desejam que casais LGBTQIA+ possam ser felizes e viver o amor sendo respeitados.

Luís e Davidson: relação firmada na fé
Em 4 meses de relacionamento, o casal viu a possibilidade de se unir por intermédio do casamento igualitário da Defensoria de Minas e decidiu aproveitar a oportunidade.
Luís Venâncio e Davidson Diego relatam que assumiram o compromisso e, apesar de tudo ter acontecido rápido, foi devidamente conversado.
Ambos frequentam uma igreja inclusiva e um amigo em comum os apresentou. Luís precisava entregar o apartamento em que vivia e ainda não tinha encontrado um outro local para morar. Foi então que Davidson o convidou para ir morar com ele e desde então não se desgrudaram mais.
Luís Venâncio e Davidson Diego demonstram satisfação com a maneira como foram tratados pela DPMG e seguem fazendo planos para essa nova e importante etapa em suas vidas.
Sociedade igualitária
Nas conversas da reportagem com os casais que participaram de mais esta edição do Casamento Igualitário LGBTQIA+, da DPMG, ficou nítido entre todas e todos os envolvidos o desejo de que a sociedade possa chegar em um futuro em que não será preciso falar que se trata de um casamento LGBTQIA+, mas que seja apenas um casamento entre duas pessoas que se amam, independentemente de qualquer coisa. Afinal, o amor não tem forma.
Gracieli Rocha, estagiária sob supervisão da Ascom.