Durante o evento virtual, que celebrou o Dia Nacional da Defensoria Pública e teve aproximadamente 1.500 acessos, psicólogo falou sobre cuidado na pandemia e respondeu perguntas
“Uma intimação da vida a nos reinventar”. Essa foi uma das reflexões da live feita pelo escritor e psicólogo clínico Rossandro Klinjey, marcando a comemoração do Dia Nacional da Defensoria Pública, celebrado em 19 de maio.
O evento, que chegou a ser acompanhado por aproximadamente 1.500 pessoas, foi transmitido no canal do Instagram da Defensoria Pública de Minas Gerais (DPMG), – @defensoriamineira – na tarde desta terça (19/5).
A capacidade de se reinventar também foi mencionada pela defensora pública-geral em exercício, Marina Lage Pessoa da Costa, que participou da transmissão. “A Defensoria Pública tem se reinventado para atender a população nesse período de isolamento social. Inovamos com diversos recursos tecnológicos, sempre com cuidado para não reforçar a desigualdade, que também pode ser digital”.
Marina Lage parabenizou as defensoras e defensores públicos pela data comemorada e pelo trabalho realizado, que “é mais do que uma profissão e envolve uma missão e uma vocação”.
Ao apresentar o palestrante, a DPG em exercício observou que a pandemia torna todos vulneráveis e destacou a importância do ouvir e do cuidado na atividade dos defensores. “A Defensoria dá voz ao cidadão vulnerável. Para sermos voz, primeiro é preciso ser escuta, ser acolhimento”, afirmou.
‘Ajudando e ajudando-se no isolamento social’
“Ajudando e ajudando-se no isolamento social para que todos saiam bem” foi o tema abordado por Rossandro Klinjey. Ele salientou o papel da Defensoria Pública no equilíbrio da justiça e o do defensor público como agente de transformação social.
Ao lembrar que a Defensoria mineira foi a primeira instituição a chegar em Brumadinho no dia do rompimento da barragem da Mina do Feijão, o psicólogo afirmou que em situações como essa todos são afetados emocionalmente. “Não há como estar perto da dor humana sem sentir dor. É impossível estar em um processo de ajudar as pessoas e não se impactar”, observou.
Falando sobre a pandemia e seus desdobramentos, Rossandro disse que estamos todos – estudiosos, cientistas, médicos, especialistas e as pessoas em geral – tentando compreender o que estamos vivendo e suas repercussões. “Todos estão vivendo as angústias desse momento”.
Para ele, a pandemia e a parada para reflexão e mudança de atitude que ela evoca, têm o aspecto de trazer luz e visibilidade a “tudo o que queríamos negar”.
O psicólogo classificou as dores afloradas pelo medo da doença e pelo isolamento social como um “conjunto de lutos. Luto pela família e amigos que não podemos visitar, pela rotina que não está sendo vivida, pela normalidade, e o luto por pessoas”.
Rossandro destacou que historicamente, após eventos trágicos como a 2ª guerra mundial, a peste negra e a gripe espanhola, “a civilização aprimorou-se depois da dor. Ao dizer que acredita que está acontecendo um movimento crescente de solidariedade, o psicólogo ressaltou o papel diário da Defensoria Pública na mitigação da injustiça. “Uma luta de Davi e Golias, sem nunca desistir”.
O psicólogo respondeu às perguntas enviadas por defensoras e defensores públicos e por uma assistida da Defensoria de Minas, abordando orientações para mulheres que estão vivendo situação de violência, mudanças nas relações familiares decorrentes da pandemia e cuidado com a saúde mental em período de isolamento, entre outras questões.
Citando histórias, o psicólogo falou sobre a necessidade de se desenvolver a capacidade de sentir a dor do outro e sentir compaixão, a ponto de se mover para ajudar, mas não ao ponto de cair na areia movediça e não ser mais capaz de ajudar.
Ao responder pergunta enviada por um defensor público, que afirmou se sentir, às vezes, “um enxugador de gelo, diante de tantas demandas e injustiça social”, Rossandro deixou uma mensagem de união aos defensores e afirmou que “quem faz concurso para a Defensoria Pública já tem uma visão diferenciada de desejo de solidariedade e assume um compromisso grandioso diante da vida”.
“É muito melhor enxugar gelo do que provocar dor. O que seria do mundo sem os enxugadores de gelo?”, ratificou.
Alessandra Amaral/Jornalista DPMG