A animosidade e esperança são os sentimentos mais perceptíveis entre às assistidas da Defensoria Pública de Minas (DPMG) que participam das aulas do Projeto Oportunidade para formação e qualificação profissional, A iniciativa é realizada em parceria com o Senac, em Belo Horizonte.
As alunas, todas mulheres assistidas pela DPMG, estão animadas pela oportunidade de aprender uma profissão e esperançosas pela possibilidade de obterem um futuro mais digno, proporcionado pela empregabilidade.
No último dia 9 de novembro, acompanhamos as aulas no Senac, que aconteciam em grupos divididos de 15 a 20 mulheres por curso. As modalidades do dia eram: Moda – Básico de Costura e Acabamento, Gastronomia – Bolos, Maquiagem – Nível Básico.
A assistida Sheyla Kelen, que participava da aula de costura, falou como o curso pode ser um ponto de mudança na vida de mulheres, desempregadas ou algumas vezes reféns da dependência financeira de seus parceiros.
“É uma chance de pegar o que aprendemos aqui e usar para o empreendimento. Existem mulheres em relacionamentos ou que saíram de um e eram dependentes financeiramente do companheiro. Aqui abrimos um leque de possibilidades no mercado de trabalho”, disse Sheyla.
A professora Tatiana Gonzaga auxiliava de perto o manuseio nas máquinas de costuras e contou como é a experiência de ministrar este tipo de curso. “Sempre falo que a gente vem compartilhar conhecimento, mas acaba ganhando mais. Elas trazem uma experiência de vida, carga emocional, e uma esperança que renova a gente também”, pontuou.
Tempero e alegria
Na cozinha do Senac, além do cheiro irresistível de diversos bolos, saíam sorrisos, trocas de conhecimento e trabalho cooperativo. A participante Emilly Maia contou que nunca havia feito bolo, mas com ajuda da professora e outras alunas conseguiu um bom resultado.
A maioria das assistidas já possuía alguma experiência na cozinha, gosta de culinária, mas não enxergava um modo de empreender neste ramo. Algo pode mudar após a conclusão do curso.
Assim Girlene Ferreira falou de suas expectativas para o futuro. “Vai trazer muita experiência para aplicar no cotidiano, após concluir o curso quero abrir um negócio próprio”.
Antes de ingressar na cozinha, as alunas passaram pelo curso de boas práticas, uma etapa de introdução muito importante, pois trabalha o preparo dos alimentos com redução no risco de contaminação.
“É importante esse curso porque agrega mais a comunidade, trabalhar com a inclusão dentro e fora do Senac. O que elas aprendem aqui vão levar para aplicar lá fora”, afirmou a professora Daniela Rocha.
Autoestima resgatada
No curso de maquiagem o destaque é a questão da autoestima, um tema sensível e que influencia em vários setores da vida, de maneira positiva ou negativa.
Em unanimidade, as assistidas disseram que aquele momento era “uma maneira de aliviar os traumas da vida”. No caso de Jussara Cristina, que ficou nove anos privada de liberdade, é uma maneira de resgatar sua vaidade.
“Eu não sabia me maquiar, passar batom, delineador. Agora minha autoestima levantou, estou tendo vaidade. Quero levar uma profissão daqui, vou fazer o curso de manicure e estética”, relatou a aluna.
A professora do curso de maquiagem, Rafaela de Oliveira, contou ser gratificante ver suas alunas empenhadas em serem inseridas na sociedade e no mercado de trabalho. Para ela, o projeto é uma possibilidade de enxergar o próximo com menos julgamentos e entender melhor a realidade de cada um.
Rodrigo Siqueira, estagiário sob a coordenação da Ascom.