Educação em direitos e espaço de escuta e protagonismo social foram as principais tônicas desta segunda edição do encontro
Mulheres com deficiência e suas cuidadoras se reuniram na Defensoria Pública de Minas Gerais (DPMG), na manhã do último sábado (5/8), para participar de uma roda de conversa com defensoras e defensores públicos. Violência doméstica e familiar contra as mulheres foi a temática do encontro. O evento também celebrou o aniversário da Lei Maria da Penha, que completa 17 anos nesta segunda (7/8).
Esta foi a segunda roda de conversa para este público promovida pela DPMG. A primeira aconteceu em 17 de junho, também na unidade I da Instituição na capital.
A iniciativa ofereceu um espaço de escuta e troca, em que as mulheres participantes se sentiram confortáveis para partilhar experiências pessoais, tanto relacionadas ao tema da violência familiar quanto sobre outras violências que mulheres com deficiência sofrem e, com frequência, são naturalizadas e invisibilizadas pela sociedade.
Foram organizadas duas rodas: uma delas, com as mulheres com deficiência, foi conduzida pelas defensoras públicas Samantha Vilarinho, coordenadora Estadual de Promoção e Defesa dos Direitos das Mulheres (CEDEM), e Maria Cecília Oliveira, titular da Defensoria Especializada de Defesa dos Direitos das Mulheres em Situação de Violência de Gênero (NUDEM-BH).
A outra roda foi dirigida às cuidadoras e ficou sob a condução dos defensores públicos Estêvão Carvalho, coordenador da Defensoria Especializada da Pessoa Idosa e da Pessoa com Deficiência, e Luis Renato Arêas, coordenador Estadual da Pessoa Idosa e da Pessoa com Deficiência (CEPIPED); e da defensora pública-auxiliar da Defensoria-Geral, Giza Gaudereto.
Relatos sobre experiências pessoais e violências várias sofridas predominaram entre os depoimentos das mulheres com deficiência. Em comum, o sentimento de vivenciarem a violência em todas as esferas – social, familiar e pública.
Alguns temas comuns e essenciais para todas foram salientados, como educação sexual, interseccionalidades entre gênero e deficiência e representatividade feminina, especialmente de mulheres com deficiência, para que as políticas públicas sejam mais inclusivas e não perpetuem a violência de gênero.
Elas reforçaram a importância de partilhar experiências, até mesmo, para aprenderem umas com as outras a identificar as violências às quais são submetidas.
Para a defensora pública Maria Cecília, do NUDEM-BH, “é fundamental ouvir as mulheres e conhecer melhor suas dificuldades, para saber como podemos tornar a Defensoria Pública mais acessível para elas”.
No entendimento da coordenadora da CEDEM, defensora pública Samantha Vilarinho, “é necessário que nós, enquanto poder público, não adotemos condutas capacitistas para conseguirmos, de fato, incluir todas as pessoas, principalmente as mulheres com deficiência”.
O lema “Nada sobre nós sem nós”, que se refere ao protagonismo na luta das pessoas com deficiência por igualdade de oportunidades, acessibilidade, educação inclusiva, emprego e uma sociedade mais acolhedora e empática, foi lembrado pelo coordenador da CEPIPED, defensor público Luis Renato Arêas.
“Que a gente possa, como servidoras e servidores públicos, defensoras e defensores públicos, proporcionar que as suas vozes sejam ouvidas, mas sem nos colocarmos no lugar de vocês. Que vocês sejam o nosso norte e que atuem diretamente para que possamos fazer a voz de vocês chegar às instituições e a toda a sociedade”, afirmou o defensor público.
Também participaram de uma parte dos trabalhos a diretora-presidenta da Associação das Defensoras e dos Defensores Públicos de Minas Gerais (ADEP-MG), defensora pública Marolinta Dutra, e a deputada estadual Ana Paula Siqueira.
A deputada estadual Ana Paula não pôde acompanhar todo o evento, sendo substituída por sua assessora Kelly. Em sua fala de saudação, a parlamentar destacou que a partir da escuta das mulheres participantes “será possível melhorar o que acontece hoje em Minas Gerais e que, infelizmente, é muito deficitário na perspectiva do respeito, inclusão e promoção das pessoas com deficiência”.
Durante o encontro as defensoras públicas e os defensores públicos entregaram cartilhas educativas para as participantes.
Três intérpretes de libras fizeram a tradução em linguagem de sinais para as mulheres com deficiência auditiva.
Realização
O encontro foi promovido por meio da parceria entre lideranças de mulheres com deficiência e a Coordenadoria Estadual de Promoção e Defesa dos Direitos das Mulheres (CEDEM), a Coordenadoria Estadual da Pessoa Idosa e da Pessoa com Deficiência (CEPIPED), a Defensoria Especializada da Pessoa Idosa e da Pessoa com Deficiência, a Defensoria Especializada de Defesa dos Direitos das Mulheres em Situação de Violência de Gênero (NUDEM-BH) e a Coordenação do Centro Psicossocial da DPMG, com o apoio da ADEP-MG.
Alessandra Amaral – Jornalista/DPMG.