Defensoria Pública de Minas Gerais forma mais 297 defensoras populares

Por Alessandra Amaral em 22 de junho de 2024

Formandas, defensoras públicas e facilitadoras da capacitação – Fotos: Marcelo Sant’Anna/DPMG

Orgulho e alegria marcaram a cerimônia de formatura das 297 novas defensoras populares de Minas Gerais, realizada neste sábado (22/6), pela Defensoria Pública de Minas Gerais (DPMG)

Promovido pela Defensoria Pública, por meio de sua Escola Superior (Esdep) e de sua Coordenadoria Estadual de Promoção e Defesa dos Direitos das Mulheres (CEDEM), o curso“Defensoras Populares” é voltado para mulheres lideranças comunitárias, para se tornarem multiplicadoras de seus direitos, orientando e auxiliando outras mulheres que estiverem sofrendo algum tipo de violência de gênero em seus territórios.

Esta foi a segunda edição do curso em Belo Horizonte e foi a primeira vez que a capacitação alcançou todo o Estado, com aulas híbridas, presenciais e transmissão pelo canal do YouTube da DPMG.

O “Defensoras Populares” teve um total de 60 horas/aula, contemplando teoria e prática, além de visitas técnicas a equipamentos da rede de atendimento às mulheres em situação de violência de gênero de Belo Horizonte.

Abertura

“Precisamos encorajar mais mulheres a mudar o mundo”, com esta frase da feminista nigeriana Chimamanda Adichie, a defensora pública-geral do Estado, Raquel Gomes de Sousa da Costa Dias, saudou as alunas formandas. Ela destacou a capacidade de cuidar inerente às mulheres e o potencial transformador das defensoras populares.

“A mulher cuida não apenas da família. Cuidamos de tudo à nossa volta, da família, do trabalho e da comunidade onde estamos. Vocês são mulheres escolhidas porque exercem posições de liderança nas comunidades onde vivem e estão aptas a multiplicar o que aprenderam no curso. Vocês são capazes de mudar o mundo. Vocês são instrumento e ferramenta. A Defensoria Pública acredita na mudança por meio de vocês”, afirmou a DPG.

Defensora pública-geral Raquel da Costa Dias: “Vocês são capazes de multiplicar tudo o que aprenderam no curso”

O corregedor-geral da DPMG, Frederico de Sousa Saraiva, prestigiou o evento representando também o Conselho Superior da Instituição. Em uma divertida e carinhosa analogia, ele comparou as defensoras populares às abelhas.

“Quando falamos em abelhas, geralmente pensamos no mel e na picada. Eu penso na polinização. O que é polinização? É transferir, fecundar, semear. E defensoras populares, eu acho que é exatamente isso. Transferem conhecimento, semeiam a curiosidade e fecundam a consciência e a cidadania. Para mim vocês são agentes polinizadores. As abelhas do conhecimento”, disse.

Frederico Saraiva sinalizou a importância da educação em direitos promovida pela Defensoria Pública, ressaltando que o conhecimento deve ser exercido para a pacificação social.

Corregedor-geral Frederico Saraiva

Emocionada, a coordenadora da CEDEM, defensora pública Samantha Vilarinho Mello Alves, que esteve à frente da parte técnica do curso, enalteceu a força e a garra das alunas e a importância da atuação delas como multiplicadoras do conhecimento.

“A Defensoria Pública não consegue estar em todos os lugares ao mesmo tempo. Então, vocês nos ajudam, sendo a ponte que nos liga à comunidade, até os territórios, até as pessoas mais vulnerabilizadas, aquelas que mais sofrem e que não têm força sequer para procurar ajuda, para procurar o equipamento de atendimento às mulheres em situação de violência de gênero”.

Defensora pública Samantha Vilarinho: “Vocês são defensoras da comunidade e vão continuar o trabalho da Defensoria Pública nos lugares em que moram”

A coordenadora da Esdep, defensora pública Silvana Lobo, pontuou o simbolismo da realização da formatura na Faculdade de Direito da UFMG, instituição de excelência e tradição, e enfatizou o aspecto de disseminação e abrangência da formação como defensora popular. “Vocês são os nossos tentáculos, a nossa longa mão para alcançar os locais onde a Defensoria Pública não está”.

Coordenadora da Esdep Silvana Lobo

A liderança e a presença das alunas nas comunidades em que vivem foi lembrada pela diretora-presidente da ADEP-MG, defensora pública Marolinta Dutra. “E é exatamente isso que trouxe vocês até a Defensoria Pública, para se capacitarem e aprenderem mais sobre direitos, para levarem para os territórios”.

Marolinta Dutra também observou que a Defensoria Pública ainda não está presente em todas as comarcas e pontuou a importância e o papel das defensoras populares como disseminadoras de conhecimento.  “Eu espero que daqui um tempo, a gente possa ter Defensoria em todos os cantos. Mas enquanto isso, vocês têm esse encargo de ajudar as pessoas”, disse.

Presidente da ADEP-MG Marolinta Dutra

Bianca Pontes de Siqueira representou a desembargadora Evangelina Castilho, superintendente da Coordenadoria da Mulher em Situação de Doméstica e Familiar (Comsiv) do TJMG. Ela destacou a importância da prevenção à violência de gênero, apontando a educação e o conhecimento como um dos caminhos mais eficientes.

Oradora

A aluna Ruth Dias foi a oradora da turma. Ela falou sobre as violências as quais foi submetida e as superações alcançadas, ressaltou o apoio e o empoderamento decorrentes da formação como defensora popular.

Ruth Dias: “Defensoras Populares, a nossa responsabilidade é grandiosa, seremos exemplo de força e esperança para muitas mulheres que estão passando pela violência doméstica”

“Nossas vidas mudaram depois deste processo de formação. Estamos no fortalecendo e nos posicionando para dizer não à violência doméstica. Nossas dores ocultas e silenciadas estão sendo curadas através de cada palestra ensinada. Podemos agora ajudar a curar as dores das mulheres que estão passando pela violência doméstica. Seremos multiplicadoras dos saberes aprendidos. Seremos a ponte entre as mulheres em situação de violência e a Defensoria Pública”.

Formandas e familiares se emocionaram com a cerimônia

Depoimentos

Militante na luta antiprisional, dona Teresa agora é defensora popular também. Para ela, que acredita na educação como trampolim para a transformação, “o saber não ocupa espaço”.

“Esse curso é fundamental. Mulheres de várias regiões adquiriram o conhecimento de como fazer um enfrentamento a tantas mazelas que temos. Aprendemos como acessar as políticas públicas que estão disponíveis, para que a gente não fique naquele lugar de pessoas miseráveis, pessoas sem acesso, sem conhecimento. Eu aprendi como encaminhar os familiares de pessoas privadas de liberdade para o lugar correto quando eles buscaram ajuda”, disse.

Dona Teresa

Daniele da Silva é presidente do Instituto Cultural Corpo em Movimento. Ela atua na região do Barreiro, no bairro Petrópolis, onde, segundo ela, o índice de criminalidade e o índice de violência doméstica vem crescendo a cada dia mais. Para ela, a capacitação foi essencial para aprender para onde e como encaminhar as mulheres que estão sofrendo violência.

Daniele da Silva
As formandas receberam o certificado da capacitação

Alessandra Amaral – Jornalista / DPMG.

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